domingo, 22 de julho de 2012

A Tempestade.

Por que levou tanto assim de mim?

- Mas eu não levei nada meu caro.

Como não? Antes de você chegar eu tinha tanto, fazia tanto. Desde quando você chegou tenho percebido que fui tendo e fazendo menos e menos.

- Que culpa eu posso ter? Por que pensas ser tão importante para que eu venha exclusivamente para te atormentar? Que tanto você poderia ter que me seria suficiente?



Eu tinha sim, e era tanto que não saberia te listar o quanto.

- Se não sabe me listar, é porque não tinha nada.

Mas você trouxe tanto barulho que me confunde a cabeça.

- Perdoa-me se te causo tal confusão, mas não deve me culpar pelas tuas perdas. Sobre elas eu lhe afirmo que nada tenho a ver.

Mas Tempestade, como pode me dizer tais coisas? Você chegou com toda esta barulheira e bagunçando tudo o que estava em tão perfeita ordem.

- Perfeita? Rapaz, você esteve longe por algum tempo e perdeu mesmo muitas coisas, mas não fui eu quem as levou, e sim você que as deixou escapar. Talvez até por pensar que estivesse tudo em tal perfeita ordem.
- A convenção dos homens diz que venho para devastar e destruir, mas o que a ignorância não os deixa enxergar é que venho, na verdade, para lhes acordar quando se acomodam. Levante-se agora e comece a procurar o que pensas que perdeu. Ande, e comece esta busca bem aí, dentro de você. Só assim entenderá que ninguém pode levar o que é seu, quando for realmente seu.

Espere, como posso acreditar em você? Como saberei que não está dizendo isso para que se vá com minhas coisas e nunca mais volte?

- Não saberá. Não tens que acreditar mesmo em mim, mas unicamente em você. Se me tens agora como um problema, deve mesmo desejar minha partida. Tente não pensar em mim, e sim no que estás buscando. Se eu disse a verdade, as encontrará aí dentro, se não, quando eu estiver bem longe com tuas coisas, como pensas, tenho certeza que encontrará muitas outras novas coisas em sua busca. Agora vá, deixe-me continuar o meu trabalho.

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